Eu sempre gostei de psicologia. E desde pequena, gostava muito de ajudar as pessoas.
Por ser muito curiosa, queria o tempo todo entender as coisas, os comportamentos, as situações. Ao longo dos anos, eu tomava cuidado para que essa análise toda ficasse somente comigo, para não invadir as pessoas.
Por muitas vezes, quis ajudar até mesmo sem as pessoas me pedirem, e disso tirei um grande aprendizado: a ajuda não é para todo mundo e tem o momento certo para isso. E quem decide esse momento é o ajudado. Mesmo quando eu via claramente uma situação que precisava de intervenção, eu me segurava e no máximo tentava conversar com as pessoas para entender se elas precisavam de algo.
Essa necessidade de ajudar pode ser vista como uma dádiva ou um problema, mas o que importa pra mim é que isso sempre foi mais forte em mim, meu maior valor é a contribuição e considero que estamos nesse mundo para ajudar uns aos outros e para evoluir. Cada um tem uma crença e eu respeito, mas essa é a minha.
A vida me colocou em muitas situações complicadas (e quem não tem, não é?), mas que mudaram muito o meu jeito de ver e lidar com as coisas.
Perdi meu pai aos 11 anos, e em vez de me tornar uma pré adolescente rebelde, escolhi encarar o fato e seguir de cabeça erguida procurando ser alguém de orgulho para ele. Só que aí eu caí em uma introspecção, onde quem precisava de ajuda era eu.
Me abri ao apoio de familiares e amigos e isso me fez muito bem, afinal a gente pode sim aceitar ajuda pois elas vem de coração (e quando não for, na maioria das vezes você saberá identificar).
Decidi me dedicar aos estudos e carreira, não tive nenhuma reprovação de ano na escola e logo que terminei o ensino médio já entrei na faculdade, com a certeza do que eu queria. E para não perder o embalo também ingressei em uma pós graduação assim que eu terminei minha faculdade. Ainda na faculdade, notei que dos cinquenta e tantos que iniciaram a graduação, formaram-se vinte e poucos.
Vendo pessoas que não tinham clareza da escolha de carreira, decidi participar de grupos de orientação vocacional em escolas para ajudar a clarear o futuro profissional de muitos jovens, e foi muito gratificante.
Ao entrar na pós, decidi experimentar um novo estilo de vida, mais independente, queria saber como era morar em uma cidade maior e com mais oportunidades, além da responsabilidade de manter uma vida por si só. Com um aperto no coração por ficar longe da família, que me apoiava o tempo todo, saí do interior de Minas Gerais para fazer uma carreira em Maringá, no Paraná.
Eu já tinha trabalhado por mais de 4 anos em Minas, mas resolvi arriscar após me formar, para trabalhar em minha nova área. Psicóloga formada, cursando pós graduação, mas sem nenhuma experiência formal na área.
Aquela experiência que eu quis ter, de saber como é a vida lá fora e o tamanho da responsabilidade quase me fizeram desistir, pois fiquei 6 meses sem encontrar um emprego, mesmo fazendo muitas entrevistas.
Era mais fácil retornar para Minas, mas como eu sou movida a desafio e não curto a zona de conforto, decidi persistir.
Passei fome e chorava de desespero, mas não perdia a esperança que logo aquilo ia se resolver. O pé de meia já tinha acabado na metade do caminho desde que mudei, e andava até fazer bolhas no pé, entregando currículos, porque não tinha dinheiro nem para o ônibus.
Lavava o rosto, respirava fundo e ia atrás diariamente, porque eu sabia que um dia ia dar certo.
E deu.
Consegui uma vaga de recepcionista (nessa altura eu já tinha até tirado a minha formação de psicóloga do currículo) e aceitei prontamente.
Só que na entrevista, onde fui aprovada logo após o final da conversa, a psicóloga me disse que iria sair da empresa em 3 meses e precisaria que eu desse um apoio para encontrar alguém. A oportunidade veio, eu abri a minha estratégia para ela (do motivo de ter tirado a formação do currículo) e foi uma surpresa, em 3 meses de emprego passei a exercer a função dela, trabalhando no RH.
Quem conhece bem a psicologia sabe que é um campo com várias áreas de especialização (clínica, organizacional, hospitalar, esportiva, jurídica, etc.), e como eu já tinha grande afinidade com RH (organizacional) desde a faculdade, abracei enormemente essa área desde o início.
Queria aprender de tudo e praticar de tudo.
Assumi projetos e responsabilidades com grande rapidez, o que me deu ainda mais energia para fazer carreira nessa área. Lembra daquela vontade imensa de ajudar? Pois é, queria fazer coisas até de outras áreas, pelo simples gosto de aprender e ajudar.
Sempre que sobrava um tempinho eu ia lá nas áreas oferecer ajuda, desde que não atrapalhasse as minhas entregas.
Sem precisar, ia trabalhar no sábado com prazer, e fui cada vez mais sendo convidada a participar de projetos. Fui querendo mais, mas o espaço já estava se esgotando.
Fui muito grata a essa oportunidade, mas decidi, depois de uma boa conversa lá, ir para outra empresa com desafios maiores. E põe maiores.
Depois de me preparar bastante para novas entrevistas, entrei em um grande grupo, com o desafio de implantar a área de RH estratégico, o famoso DHO (desenvolvimento humano e organizacional). Os desafios eram tantos, que algumas coisas eu não tinha tanta experiência, mas fui atrás, conversei com meus amigos da pós, estudei, li, fiz cursos e coloquei em prática.
Em menos de 5 meses, fui convidada a tocar o RH na maior filial, em Curitiba. Nessa época minha irmã já estava morando comigo, e conversamos muito até aceitar a oportunidade.
Mais uma vez vida nova, cidade nova, desafio novo, morando pela primeira vez sozinha.
Não é fácil e as dificuldades são inúmeras, mas novamente, como eu gosto de desafios… me mudei. Minha irmã e eu garantimos que ficaríamos por perto.
Lá por muitos anos consegui desenvolver muitos projetos, a grande maioria com acertos e outros erros também (nem todos os projetos dão certo, e temos que ter maturidade para replanejar a rota, como em todas as áreas).
Participei da promoção de muita gente, da contratação de muita gente, do desenvolvimento de muita gente. E o mais bacana foi o meu próprio desenvolvimento.
Aprendi tanto sobre competências pessoais, resiliência, equilíbrio emocional, entre várias outras, que é incalculável o quanto cresci como pessoa e como passar por tudo aquilo me fez uma profissional melhor.
Aí vem a vida e nos prega mais uma peça.
Minha mãe ficou doente e a perdi muito rápido. Aos meus 29 anos, os anjos a levaram. Fiquei sem chão, mas novamente tentando juntar forças para prosseguir e também, procurar ser motivo de orgulho para ela. Nessa altura eu já tinha uma torcida de anjos lá em cima (meus pais, meus dois avôs).
Na empresa, passei por momentos excelentes e por momentos de crise (quem não tem?), e foi aí que uma pessoa incrível entrou na história para me ajudar imensamente.
Iniciei um processo de coaching, onde pude trabalhar melhor meus pontos de melhoria, minhas fraquezas, minhas oportunidades, me fez enxergar um mundo dentro de mim que eu parecia desconhecer ou esconder. Resolvi entrar de peito aberto no processo pois eu queria muito me desenvolver e saber como eu poderia me tornar uma profissional melhor.
Continuei com garra e força por mais alguns anos. Até que senti que, naqueles anos, fiz o que deveria ter feito, e que era a hora de renovação, tanto pra mim, quanto para a própria área de RH (novos ares e novas pessoas precisam entrar de tempos em tempos, é o ciclo da vida profissional).
De forma muito consciente, planejei minha transição de carreira.
Queria continuar na área de RH (lá vem o velho desejo de trabalhar com pessoas e ajudá-las), mas tinha um forte desejo de empreender. Queria ter o meu próprio negócio. Então arregacei as mangas e fui atrás. Fiz meu pé de meia, e programei muitos cursos de especialização assim que saí do emprego.
Queria começar com tudo que havia de mais novo no mercado.
Conheci a fundo o coaching (confesso que namorava a certificação há mais de 6 anos) e mesmo com o mercado saturado e de certa forma até banalizado (como em toda área, sempre tem aqueles que sujam o nome da profissão), decidi procurar uma instituição séria e abraçar mais essa área.
Hoje vejo que minha formação como psicóloga, mais minha experiência com RH e desenvolvimento humano, somam-se muito bem com a prática do coaching. Decidi viver dessa forma, com minha liberdade de horários (as vezes posso me dar ao luxo de folgar na segunda, mas sabendo do compromisso de atender muitas vezes até tarde da noite), mas isso é uma escolha. Não existe mundo perfeito, existe o mundo que você escolheu para você.
Hoje eu digo que sou muito grata às empresas nas quais eu trabalhei e pude contribuir, e que da mesma forma contribuiram muito comigo, mas sinto que a cada cliente realizado, a cada conquista alcançada com as pessoas que confiam no meu trabalho, me trazem cada vez mais a sensação de propósito e realização.
O que minha história contribuiu para a decisão da minha carreira?
Simples. Esse desejo, essa missão, ou essa vocação de ajudar esteve lá o tempo tempo. Cada hora de um jeito, em um lugar, em uma situação diferente. Hoje sinto que quero e que posso contribuir com as pessoas que me procuram, pois já passei por muito do que elas me relatam, então eu somo as técnicas e ferramentas que estudei esse tempo todo (e continuarei eternamente estudando) de forma a aplicá-las, com empatia e muitas vezes vivência, no contexto que me for apresentado.
Penso que a vida passa muito rápido e precisamos fazer aquilo que nos traz realização.
Se você ainda não encontrou, não tem problema, nunca é tarde, desde que tenha o olhar atento às oportunidades a sua volta. E se já encontrou, persista, apesar de todos os obstáculos (nada é fácil na vida, e se fosse, qual seria a graça?).
Novos planos me aguardam. 🙂
Faça a diferença que você quer ver no mundo.
E quanto às dificuldades no caminho, elas só servem para nos mostrar como podemos ser ainda melhores, e extrair o maior aprendizado de cada situação.
Sejamos firmes e fortes. Sucesso!